sábado, 1 de dezembro de 2018

Resenha sobre o livro "Educação do Corpo na Escola Brasileira"


O primeiro texto do livro é do autor Marcus Aurélio Taborda de Oliveira, "A título de apresentação - educação do corpo na escola brasileira", ele inicia seu texto com a seguinte pergunta:” Que tipo e qualidade de questões devem nortear um programa que pretende estudar historicamente a relação entre corporalidade e escolarização?” E ao decorrer ele vai respondendo essa pergunta. Ainda segundo o ele, existe um conjunto de reflexões que pretendem sugerir algumas possibilidades para um programa de pesquisa em torno da instauração de práticas corporais no interior da escola. Estas reflexões são elaboradas a partir de quatro eixos: o sentido de um programa de pesquisa que pretende estudar historicamente a relação entre corporalidade e escolarização; o conjunto de temas que pode encerrar; a documentação sobre a qual se pode trabalhar; a inter-relação entre diferentes campos disciplinares. Durante o trabalho, Marcus aborda estes eixos através do diálogo com alguns resultados de um projeto de pesquisa sob sua coordenação, que vem estudando a questão no contexto da escola paranaense durante o período 1882-1920. Ele ainda diz que a mudança da escola doméstica para a escola graduada, é uma substituição da família, uma “extensão melhorada do lar”.
No segundo texto “Marcas do corpo escolarizado, inventário do acúmulo de ruínas: sobre a articulação entre memória e filosofia da história em Walter Benjamim", o autor Alexandre Fernandez Vaz faz uma junção da memoria e da historia de vida de Walter Benjamin e Theodor W. Adorno, onde ele faz recordações da infância de cada um e também pequenos textos de suas obras. Vaz reúne parte dos resultados de uma pesquisa que fez sobre teoria crítica, racionalidade e educação. Nas memórias de Benjamim, a escola aparece como espaço de restrição e sofrimento, enquanto em Adorno observa-se uma relação entre fascismo, os primeiros anos de vida e o cotidiano escolar.
No terceiro texto “Violencia, Corpo e Escolarização, apontamentos a partir da teoria crítica da sociedade.” Luciane Paiva Alves de Oliveira fala sobre a violência na escola. Ela se apoia em teóricos como Foucault, Marcuse, Horhheimer e Adorno, discute a negação do corpo nas práticas corporais presentes na escola como parte de um contexto mais amplo de uma sociedade marcada pela história de dominação, pois qualquer aluno identifica e aprende a seguir regras que colaboram para o desenvolvimento do autocontrole sobre ações, representando assim algum tipo de sacrifício corporal ou não. Segundo Luciane, a investigação da violência, dentro ou fora da escola, pode ser feita por intermédio da vinculação contraditória que o homem mantém com o corpo: relação de amor-ódio. E com isso o homem já foi igualdo a uma maquina porém atualmente ele é considerado inferior. A título de ilustração são relatadas algumas situações vivenciadas no contexto escolar onde se manifesta a violência: durante o recreio e no período de entrada e saída de alunos, propondo que a escolarização como um projeto formativo tenha como princípios fundamentais o combate à violência, ao ódio e à barbárie.
Talita Bance Dalcin a autora do quarto texto que vinha com o tema: “Palmatoando as Fontes, os usos de castigos físicos e da ordem nas escolas paranaenses da segunda metade do século XIX” , falava sobre o uso dos castigos corporais empregados para disciplinar e conter as  crianças em que deveriam se submeter a uma educação escolarizada, em busca de uma civilização dos costumes pretendida em fins do século XIX. Analisando documentos do Arquivo Público do Paraná, para ela os castigos corporais eram justificados sob dois argumentos centrais: o esgotamento do castigo moral, previsto em lei, como forma de disciplinar os alunos, e maior eficácia dos castigos corporais, especialmente da palmatória, para o disciplinamento que conduziria à 'civilidade'. Por volta de 1880, o uso desse recurso, além de não produzir os efeitos disciplinadores, passa a ser repulsado pela sociedade, ganhando força e aprovação social os castigos morais. Ela encontrou  relatórios de um professor Paranaense Jerônymo Durski em que ele a primeiro momento parece não esta de acordo com essa violência, mais após ler alguns outros trechos ele fala sobre vários castigos.
No quinto texto Meily Assbü Linhales faz uma reflexão com o texto “A produção de uma forma escolar para o esporte: os projetos culturais da Associação Brasileira de Educação (1926-1935) como indícios para a historiografia da educação física”. O processo de estudo do esporte é feito por meio da contribuição da Associação Brasileira de Educação (ABE). Meily analisa projetos da ABE, utilizando-se da categoria forma escolar para propor a identificação das estratégias de produção do que ela denomina de forma escolar para o esporte, e da categoria saberes escolares para pensar o esporte como uma 'disciplina' que participa da formação da escola, da prescrição pedagógica e da organização sociocultural atinentes à experiência escolar moderna.
Sexto texto Omar Schneider e Amarilio Ferreira Neto, se identificam com a saúde e estudam a partir disso com o tema: “Saúde e Escolarização: Representações, intelectuais, educação e educação física." A forma como os intelectuais de diferentes formações abordaram a discussão da saúde, da higiene, da educação e da sociedade, assim como as influências na revista Educação Physica, nas décadas de 1930 e 1940, foi pesquisada por eles. Conseguiram evidenciar a transposição de uma perspectiva que defendia um branqueamento da sociedade, para um discurso que aponta a educação do corpo de caráter higienico para a melhoria da população. A educação física, ressaltada na revista, tinha por função melhorar as condições biotipológicas promovendo uma homogeneidade da população, tendo como modelo a educação grega (física, moral e intelectual) e o culto ao padrão grego de estética corporal espelhado em sua estatutária. Aponta um processo onde está presente tanto continuidade quanto descontinuidade nos discursos e propostas de promoção da saúde por meio da escola.
No sétimo texto os programas de educação física para o ensino secundário e sua implementação no contexto escolar são analisados por Sérgio Roberto Chaves Júnior em "Os programas de educação física no ensino secundário: algumas considerações sobre o Ginásio Paranaense (1931-1947)". As análises desenvolvidas indicam que tanto o programa contido na reforma Francisco Campos quanto as formas para a educação física nos estabelecimentos de ensino secundário de 1947 foram claramente baseados no método francês. Sua principal contribuição é a de demonstrar em que medida estes programas se efetivaram, ou não, no contexto do Ginásio Paranaense.
Vera Lúcia Gomes Jardim, completou o livro com o oitavo texto, onde se ficou envolvida com o tem: "Educação musical: a concepção escolar para o ensino da música" onde se trata dos processos de ensino da música implantados através das políticas educacionais nas escolas públicas de São Paulo em consonância com a filosofia educacional colocada no final do século XIX até os anos de 1920. Ao longo do texto, a Vera procurou destacar as funções que estava colocada para a educação musical na formação escolar daquele período. Por meio de sua análise, que os métodos utilizados na educação musical estavam sintonizados com as novas metodologias da pedagogia e da psicologia, em especial com o método intuitivo desenvolvido por Pestalozzi, que se apoiava na intuição, na observação, nos sentidos e na experiência.
O nono texto: "O ensino de canto orfeônico e sua perspectiva higienista na primeira metade do século XX", de Wilson Lemos Junior, é um texto onde o ele procura destacar a perspectiva em que utiliza com a qual pretendia-se ensinar a música orfeônica na escola, enfocando as práticas da escola secundária curitibana na primeira metade do século XX. Ele diz ainda que a música é de extrema importância já que está ligada a disciplina de expressão estética, sem ela, não existe mais. Neste contexto, o aspecto higienista era muito enfatizado enquanto elemento de desenvolvimento físico das partes respiratória e circulatória do corpo.
No texto que encerra o livro, Cássia Helena Ferreira Alvin e Marcus Aurélio Taborda de Oliveira, faz uma reflexão sobre "Uma experiência de construção do currículo escolar para a educação física: das amarras da tradição à tentativa de reorientação", Ele faz uma conclusão de tudo que foi falado em todos os outros textos, expõe que a partir das experiências de Araucária, no Paraná, uma proposta de reformulação para o ensino da educação física. Propõe como seu objeto de ensino a corporalidade concebida como a expressão criativa e consciente do conjunto de manifestações corporais historicamente produzidas, buscando a comunicação e interação de diferentes indivíduos, com o seu meio social e natural. Assim, foram elaborados quatro eixos para a prática pedagógica deste componente curricular na escola no município de Araucária: Desenvolvimento corporal e construção da saúde; Expressividade do corpo; Relação do corpo com o mundo globalizado; O corpo que brinca e aprende. O indivíduo está em constante desenvolvimento, e se dará de forma saudável de acordo com Cassia e Marcus. O ponto de partida do trabalho pedagógico na concepção na corporalidade é entender o corpo como construção histórico-cultural, partindo do senso comum para o conhecimento científico-cultural elaborado, produzido pela humanidade, organizado e sistematizado.
Compreendi que as pesquisas apresentados neste livro traz importantes contribuições para o entendimento das relações entre os processos de escolarização e os processos de educação do corpo na sociedade brasileira, em que se constituem em fonte de inspiração para o desenvolvimento de novas pesquisas e reflexões, especialmente nas áreas de educação física.

Resenha do Livro em Video

Um comentário:

  1. Creio que as práticas nas escolas poderiam ser mais variadas e sair daquele quarteto fantástico (futebol, handebol, vôlei e basquete), afinal a educação física é muito mais do que isso! Livro muito bem apresentado pela aluna.

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