sábado, 1 de dezembro de 2018

Metodologia do Ensino de Educação Física - Gustavo


Metodologia do Ensino de Educação Física
Coletivo de autores



Micheli Ortega Escobar
Elizabeth Varjal
Valter Bracht
Celi Taffarel
Carmen Lúcia Soares
Lino Castellani Filho


Cortez Editora
2ª edição revista



Primeira edição lançada em 1992
Segunda edição lançada em 2009





Metodologia do Ensino de Educação Física
 

  No contexto da educação escolar o livro foi criado com base nas condições de ensino do professor, sua desvalorização e suas limitações, teve sua primeira edição lançada em 1992, e agora com coletivos de seis autores.
    O livro possui em seu conteúdo metodologia de ensino da educação física citando o desenvolvimento da aptidão física e reflexão sobre a cultura corporal em um projeto político pedagógico, levando em conta classes socias (classe trabalhadora e proprietária) que ao longo da história vem buscando hegemonia popular. A hegemonia não ocorre pela diferença dos interesses das classes.
    Pedagogia é a reflexão e teoria da educação capaz de dar conta da complexidade, globalidade e especificidade de determinada prática social que é a educação.
    É preciso que o educador tenha de forma clara qual projeto de sociedade e de homem que persegue, quais os interesses de classe que defende, quais os valores, a ética e a moral que elege para consolidar através de sua prática, como articula suas aulas com este projeto maior de homem e sociedade, compreendendo como projeto político pedagógico se realiza na escola, como se materializa no currículo.
    Currículo do latim Curriculum, significa corrida, caminhada, percurso. Representa o percurso do indivíduo no processo apreensão do conhecimento científico selecionado pela escola. A escola não desenvolve o conhecimento científico, ela se apropria dele, dando-lhe um tratamento metodológico, desenvolvendo assim a reflexão do aluno sobre esse conhecimento, sua capacidade intelectual. Com o eixo curricular se delimita o que a escola pretende explicar aos alunos e até onde a reflexão pedagógica se realiza, a partir do eixo curricular se faz o quadro curricular com disciplinas, matérias ou atividades curriculares.
    O currículo conservador que se faz predominante deveria ser reavaliado porque a natureza de sua reflexão pedagógica não explicita as relações sociais e mascara seus conflitos. Sem duvida poderiam ampliar a reflexão pedagógica desenvolvendo nos alunos uma lógica dialética, se comprometendo com os interesses das camadas populares, dando ao aluno liberdade para expor sua dimensão em sua totalidade.
    Com a chamada dinâmica curricular, é proposto a união das matérias fundamentais com as referências do conceito de currículo aplicado proposto. Não basta que os conteúdos sejam apenas ensinados, ainda que bem ensinados é preciso que se liguem à sua significação humana e social. Instigar os alunos a ultrapassar o sendo comum e construir formas mais elaboras de pensamento. Relação de continuidade em que, progressivamente, se passa da experiência imediata ao conhecimento sistematizado, contudo, havendo confrontamento do etapismo e sistema de seriação.
    Na perspectiva dialética, não se aplica a visão fragmentada da realidade, o conhecimento não é pensado por etapas, ele é construído no pensamento de forma ampla, em seus princípios a totalidade, movimento, mudança qualitativa e contradição que informam os princípios curriculares.
    A pedagogia progressista, argumenta como uma das referências, a evolução do homem ao longo das eras, fundamental para essa perspectiva da prática pedagógica da educação física o desenvolvimento da noção da historicidade da cultura corporal, sendo todas as atividades corporais construídas em determinadas épocas históricas, como respostas a determinados estímulos, desafios necessidades humanas.
Contemporaneamente  se pode afirmar que a dimensão corpórea do homem se materializa nas três atividades produtivas da história  da humanidade, sendo elas: linguagem, trabalho e poder.
    O ensino da educação física tem também um sentido lúdico que busca instigar a criatividade humana à adoção de uma postura produtiva e criadora de cultura tanto no mundo do trabalho como no do lazer.
    Como amparo legal o aluno pode ser dispensado das aulas de educação física, o que não acontece nas outras disciplinas, por serem vistas como conhecimento científico universal que precisa ser transmitido. Nessa perspectiva de reflexão de cultura corporal, a expressão corporal é uma linguagem, um conhecimento universal, patrimônio da humanidade que igualmente precisa ser transmitido e assimilado pelos alunos.
    Educação física é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais, como jogo, esporte, dança e ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal. Surgindo na Europa no final do século XIII e início do século XVX, como o início do capitalismo, tendo homem forte, ágil e saudável bem visto para o mercado de trabalho da época. A educação física ganhou espaço com intuito de fortalecer o homem e prepara-lo para as industrias nascentes, exércitos, assim com prosperidade da pátria. Com o mesmo, homens mais fortes e saudáveis foram de importância e caráter
cientifico para as ciências biológicas. As aulas de educação física nas escolas eram ministradas por instrutores físicos do exército que traziam para essas instituições os rígidos métodos militares da disciplina e da hierarquia. Construía-se nesse sentido, um projeto de homem disciplinado, obediente, submisso, profundo respeitador da hierarquia social.
    As avaliações em educação física têm sido direcionadas por um único referencial, denominado aqui de “paradigma docimológico clássico”. Assim, têm sido enfatizadas avaliações com fins classificatórios e seletivos, que acabam por discriminar e contribuir para a evasão escolar da classe trabalhadora. É importante destacar também que os processos avaliativos são determinados pelas teorias pedagógicas, que por sua vez, são frutos de necessidades sociais concretas. Nesse sentido, essa atual forma avaliativa é resultante de necessidades da organização social capitalista. Essa atual forma avaliativa, pautada no desenvolvimento da aptidão física, busca identificar nas escolas os talentos esportivos. Nesse espaço, o esporte toma lugar de destaque, negligenciando o trabalho com os elementos da cultura corporal, dando as aulas, de acordo com Soares et al (1992), um significado meritocrático, uma vez que valoriza, sobretudo, o esforço individual.
    No processo de ensino-aprendizagem, os teste e medidas não trazem aos alunos suas evoluções qualitativas, somente as quantitativas. A proposta de avaliação do processo de ensino-aprendizagem deve levar em conta a observação, a análise e conceituação de elementos que compõem a totalidade da conduta humana que se expressam no desenvolvimento das atividades.
    Se mostra como indispensável a substituição de práticas avaliativas mecânicas (testes e medidas, por exemplo) por práticas produtivo-criativas para que o processo de avaliação auxilie na identificação dos conflitos do processo de ensino-aprendizagem para a superação dos mesmos por meio de esforço crítico e criativo dos alunos. Os alunos devem ter espaço para participarem do processo de avaliação, eles devem ter a oportunidade de expressarem seus objetivos de ação.
    É importante destacar que contribuir para a afirmação dos interesses de classe das camadas populares transcende a simples substituição de valores individuais para os de solidariedade e cooperação. A educação física em âmbito escolar deve contribuir para a afirmação dos interesses populares na medida em que trata de conhecimentos historicamente produzidos e acumulados de forma crítica para que o aluno seja capaz de identificar as contradições sociais e se identificar como sujeito produto e produtor histórico-social.




  Recomendação da obra


  Apesar dessa heterogeneidade de perspectivas em que o livro foi desenvolvido, ele é, atualmente, a obra mais indicada para professores e estudantes das licenciaturas que pretendem direcionar seus trabalhos escolares em aproximação com a linha materialista histórica.
    O livro é destinado a pessoas de diferentes níveis intelectuais, desde alunos de graduação aos profissionais da área, que buscam especializações visando, ampliar seus conhecimentos, criando debates e discussões, definindo novas perspectivas sobre a Educação Física, interagindo de maneira conjunta com estudos e práticas socioculturais.





Descrição da Estrutura

Dividido em 4 capítulos:
·         Capítulo 1 – A Educação Física no Currículo Escolar: Desenvolvimento da Aptidão Física ou Reflexão sobre a Cultura Corporal
·         Capítulo 2 – Educação Física Escolar na Direção da Construção de uma Nova Síntese
·         Capítulo 3 – Metodologia do Ensino da Educação Física: A Questão da Organização do Conhecimento e sua Abordagem Metodológica
·         Capítulo 4 – Avaliação do Processo Ensino – Aprendizagem em Educação Física
O foco narrativo do livro está em terceira pessoa, mas contém depoimentos dos autores
O livro possuí 200 páginas




Opinião

O livro ampliou a visão sobre pedagogia, e como currículo escolar pode ser aplicado, tendo em vista que os alunos podem ter autonomia sobre o conhecimento que o eixo pedagógico determina sobre o que deve ser transmitido nas escolas, dando a eles compreensão não de forma fragmentada, mas dando a possibilidade do aluno desenvolver o próprio pensamento, podendo assim criar, inovar, desenvolver novas perspectivas.
Também traz em seu conteúdo a origem da Educação Física, as mudanças pela qual ela passou ao longo dos anos e argumenta com fatos históricos a importância da cultura corporal.
Defende que a Educação Física é fundamental e de conhecimento universal que deve ser transmitido nas aulas com a mesma importância de outras disciplinas.






Referências


8 comentários:

  1. Esse livro é de grande relevância, principalmente, para quem está graduando em um curso de licenciatura, visto que é tratado uma pedagogia que pode ampliar a visão do futuro professor e seu planejamento didático. Ótima obra!

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  2. Resenha muito bem escrita pelo Gustavo. Abordou varios pontos do ensino da educação física.É necessário que o currículo conservador que se faz predominante deveria ser reavaliado, com a intenção de ampliar o conhecimento para que os alunos tenham mais humanidade e sejam melhores pessoas.

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  3. Qual séria a sua visão sobre pedagogia, e como o currículo escolar poderia se inovar, principalmente na área da Educação Física?

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    1. Antes de ler o livro eu tinha uma visão limitada de que o ensino conservador que predomina era absoluto e funcionava! Após a leitura pude ampliar as possibilidades de ensino, trazendo aos alunos uma autonomia maior sobre o conhecimento aplicado, ao invés de fragmentar porque não deixar que o aluno participe e deixe em evidencia sua perspectiva e desenvolvimento de idéias?! Para um entendimento mais complexo, recomendo a leitura do livro! Pode ampliar a sua visão sobre pedagogia também.

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  4. Li a resenha , e me interessei pelo conteúdo, por eu ser da Licenciatura , me pareceu ser proveitoso ler todo o livro , tenho certeza que a leitura deste irá ampliar a minha visão. No meu ver o ensino conservador que é atualmente predominante funciona bem , mas, nós não estamos limitados a isso .

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  5. Resenha bem escrita, destacando como ponto positivo a fácil compreensão sobre a importância da união entre a parte teórica e prática no ensino da Educação Física nas escolas. Dessa forma, se desconstruiria a visão de disciplina voltada ao culto “corpo” com exercícios que trabalham exclusivamente o físico, excluindo a possibilidade de se trabalhar e observar o corpo como um todo.

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  6. Resenha bem formulada, expondo contextos sobre pedagogia a qual eu não tinha conhecimento.

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  7. ótima resenha, aborda contextos da pedagogia interessantíssimos , gerando informações e adquirindo novos conhecimentos !

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