O primeiro texto do livro é
do autor Marcus Aurélio Taborda de Oliveira, "A título de apresentação -
educação do corpo na escola brasileira", ele inicia seu texto com a
seguinte pergunta:” Que tipo e qualidade de questões devem nortear um programa
que pretende estudar historicamente a relação entre corporalidade e
escolarização?” E ao decorrer ele vai respondendo essa pergunta. Ainda segundo
o ele, existe um conjunto de reflexões que pretendem sugerir algumas
possibilidades para um programa de pesquisa em torno da instauração de práticas
corporais no interior da escola. Estas reflexões são elaboradas a partir de
quatro eixos: o sentido de um programa de pesquisa que pretende estudar
historicamente a relação entre corporalidade e escolarização; o conjunto de
temas que pode encerrar; a documentação sobre a qual se pode trabalhar; a inter-relação entre diferentes campos disciplinares. Durante o trabalho, Marcus
aborda estes eixos através do diálogo com alguns resultados de um projeto de
pesquisa sob sua coordenação, que vem estudando a questão no contexto da escola
paranaense durante o período 1882-1920. Ele ainda diz que a mudança da escola
doméstica para a escola graduada, é uma substituição da família, uma “extensão
melhorada do lar”.
No segundo texto “Marcas do
corpo escolarizado, inventário do acúmulo de ruínas: sobre a articulação entre
memória e filosofia da história em Walter Benjamim", o autor Alexandre
Fernandez Vaz faz uma junção da memoria e da historia de vida de Walter
Benjamin e Theodor W. Adorno, onde ele faz recordações da infância de cada um e
também pequenos textos de suas obras. Vaz reúne parte dos resultados de uma
pesquisa que fez sobre teoria crítica, racionalidade e educação. Nas memórias
de Benjamim, a escola aparece como espaço de restrição e sofrimento, enquanto
em Adorno observa-se uma relação entre fascismo, os primeiros anos de vida e o
cotidiano escolar.
No terceiro texto
“Violencia, Corpo e Escolarização, apontamentos a partir da teoria crítica da
sociedade.” Luciane Paiva Alves de Oliveira fala sobre a violência na escola. Ela
se apoia em teóricos como Foucault, Marcuse, Horhheimer e Adorno, discute a
negação do corpo nas práticas corporais presentes na escola como parte de um
contexto mais amplo de uma sociedade marcada pela história de dominação, pois
qualquer aluno identifica e aprende a seguir regras que colaboram para o
desenvolvimento do autocontrole sobre ações, representando assim algum tipo de
sacrifício corporal ou não. Segundo Luciane, a investigação da violência,
dentro ou fora da escola, pode ser feita por intermédio da vinculação
contraditória que o homem mantém com o corpo: relação de amor-ódio. E com isso
o homem já foi igualdo a uma maquina porém atualmente ele é considerado
inferior. A título de ilustração são relatadas algumas situações vivenciadas no
contexto escolar onde se manifesta a violência: durante o recreio e no período
de entrada e saída de alunos, propondo que a escolarização como um projeto
formativo tenha como princípios fundamentais o combate à violência, ao ódio e à
barbárie.
Talita Bance Dalcin a autora
do quarto texto que vinha com o tema: “Palmatoando as Fontes, os usos de
castigos físicos e da ordem nas escolas paranaenses da segunda metade do século
XIX” , falava sobre o uso dos castigos corporais empregados para disciplinar e
conter as crianças em que deveriam se
submeter a uma educação escolarizada, em busca de uma civilização dos costumes
pretendida em fins do século XIX. Analisando documentos do Arquivo Público do
Paraná, para ela os castigos corporais eram justificados sob dois argumentos
centrais: o esgotamento do castigo moral, previsto em lei, como forma de
disciplinar os alunos, e maior eficácia dos castigos corporais, especialmente
da palmatória, para o disciplinamento que conduziria à 'civilidade'. Por volta
de 1880, o uso desse recurso, além de não produzir os efeitos disciplinadores,
passa a ser repulsado pela sociedade, ganhando força e aprovação social os
castigos morais. Ela encontrou
relatórios de um professor Paranaense Jerônymo Durski em que ele a
primeiro momento parece não esta de acordo com essa violência, mais após ler
alguns outros trechos ele fala sobre vários castigos.
No quinto texto Meily Assbü
Linhales faz uma reflexão com o texto “A produção de uma forma escolar para o
esporte: os projetos culturais da Associação Brasileira de Educação (1926-1935)
como indícios para a historiografia da educação física”. O processo de estudo
do esporte é feito por meio da contribuição da Associação Brasileira de
Educação (ABE). Meily analisa projetos da ABE, utilizando-se da categoria forma
escolar para propor a identificação das estratégias de produção do que ela
denomina de forma escolar para o esporte, e da categoria saberes escolares para
pensar o esporte como uma 'disciplina' que participa da formação da escola, da
prescrição pedagógica e da organização sociocultural atinentes à experiência
escolar moderna.
Sexto texto Omar Schneider e
Amarilio Ferreira Neto, se identificam com a saúde e estudam a partir disso com
o tema: “Saúde e Escolarização: Representações, intelectuais, educação e
educação física." A forma como os intelectuais de diferentes formações
abordaram a discussão da saúde, da higiene, da educação e da sociedade, assim
como as influências na revista Educação Physica, nas décadas de
1930 e 1940, foi pesquisada por eles. Conseguiram evidenciar a transposição de
uma perspectiva que defendia um branqueamento da sociedade, para um discurso
que aponta a educação do corpo de caráter higienico para a melhoria da
população. A educação física, ressaltada na revista, tinha por função melhorar
as condições biotipológicas promovendo uma homogeneidade da população, tendo
como modelo a educação grega (física, moral e intelectual) e o culto ao padrão
grego de estética corporal espelhado em sua estatutária. Aponta um processo onde
está presente tanto continuidade quanto descontinuidade nos discursos e
propostas de promoção da saúde por meio da escola.
No sétimo texto os programas
de educação física para o ensino secundário e sua implementação no contexto
escolar são analisados por Sérgio Roberto Chaves Júnior em "Os programas
de educação física no ensino secundário: algumas considerações sobre o Ginásio
Paranaense (1931-1947)". As análises desenvolvidas indicam que tanto o
programa contido na reforma Francisco Campos quanto as formas para a educação
física nos estabelecimentos de ensino secundário de 1947 foram claramente
baseados no método francês. Sua principal contribuição é a de demonstrar em que
medida estes programas se efetivaram, ou não, no contexto do Ginásio
Paranaense.
Vera Lúcia Gomes Jardim,
completou o livro com o oitavo texto, onde se ficou envolvida com o tem:
"Educação musical: a concepção escolar para o ensino da música" onde
se trata dos processos de ensino da música implantados através das políticas
educacionais nas escolas públicas de São Paulo em consonância com a filosofia
educacional colocada no final do século XIX até os anos de 1920. Ao longo do
texto, a Vera procurou destacar as funções que estava colocada para a educação
musical na formação escolar daquele período. Por meio de sua análise, que os
métodos utilizados na educação musical estavam sintonizados com as novas metodologias
da pedagogia e da psicologia, em especial com o método intuitivo desenvolvido
por Pestalozzi, que se apoiava na intuição, na observação, nos sentidos e na
experiência.
O nono texto: "O ensino
de canto orfeônico e sua perspectiva higienista na primeira metade do século
XX", de Wilson Lemos Junior, é um texto onde o ele procura destacar a
perspectiva em que utiliza com a qual pretendia-se ensinar a música orfeônica
na escola, enfocando as práticas da escola secundária curitibana na primeira
metade do século XX. Ele diz ainda que a música é de extrema importância já que
está ligada a disciplina de expressão estética, sem ela, não existe mais. Neste
contexto, o aspecto higienista era muito enfatizado enquanto elemento de
desenvolvimento físico das partes respiratória e circulatória do corpo.
No texto que encerra o
livro, Cássia Helena Ferreira Alvin e Marcus Aurélio Taborda de Oliveira, faz
uma reflexão sobre "Uma experiência de construção do currículo escolar
para a educação física: das amarras da tradição à tentativa de
reorientação", Ele faz uma conclusão de tudo que foi falado em todos os
outros textos, expõe que a partir das experiências de Araucária, no Paraná, uma
proposta de reformulação para o ensino da educação física. Propõe como seu
objeto de ensino a corporalidade concebida como a expressão criativa e
consciente do conjunto de manifestações corporais historicamente produzidas,
buscando a comunicação e interação de diferentes indivíduos, com o seu meio
social e natural. Assim, foram elaborados quatro eixos para a prática
pedagógica deste componente curricular na escola no município de Araucária: Desenvolvimento
corporal e construção da saúde; Expressividade do corpo; Relação do corpo com o
mundo globalizado; O corpo que brinca e aprende. O indivíduo está em constante
desenvolvimento, e se dará de forma saudável de acordo com Cassia e Marcus. O
ponto de partida do trabalho pedagógico na concepção na corporalidade é
entender o corpo como construção histórico-cultural, partindo do senso comum
para o conhecimento científico-cultural elaborado, produzido pela humanidade,
organizado e sistematizado.
Compreendi que as pesquisas
apresentados neste livro traz importantes contribuições para o entendimento das
relações entre os processos de escolarização e os processos de educação do
corpo na sociedade brasileira, em que se constituem em fonte de inspiração para
o desenvolvimento de novas pesquisas e reflexões, especialmente nas áreas de
educação física.
Resenha do Livro em Video
Creio que as práticas nas escolas poderiam ser mais variadas e sair daquele quarteto fantástico (futebol, handebol, vôlei e basquete), afinal a educação física é muito mais do que isso! Livro muito bem apresentado pela aluna.
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