quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Resenha crítica do livro: Sociologia Crítica do Esporte
Autor: Valter Bracht

Aluna: Kesliane Pereira Silva


Valter Bracht, paranaense e educador físico doutor pela Universidade de Oldenbur, Alemanha, escritor do livro Sociologia Critica do Esporte – Uma Introdução publicou esta obra com o objetivo de oferecer uma alternativa para os futuros educares físicos aprimorar e desenvolver uma visão critica do mundo esportivo. Bracht busca fazer uma critica da critica, ou seja, ele analisa as principais teorias que norteiam a Educação Física ao longo dos séculos em que a sociedade esta inserida, por isso a obra também é uma critica a sociedade e suas configurações ao esporte.  Para isso o autor busca diversas teorias que procuram responder os embaraços em torno do fenômeno esportivo, citando, mesmo que resumidamente, trechos de importantes teorias filosóficas em torno do assunto abordado.
A obra foi dividida em 10 capítulos, os quais buscam se relacionar entre si. Começando pelo contexto histórico social do esporte, em que o esporte moderno expressa uma pratica corporal com o intuito competitivo na Europa do século XVIII, que se difundiu pelo mundo. Sendo ele um resultado de modificações da cultura corporal das classes populacionais, os quais estavam na maioria das vezes ligados as festas populares a colheita e a religião. Estes jogos populares entram em declínio, com o processo de industrialização e urbanização, que agora laçam novos padrões e novas condições de vida. Assim o esporte vai assumindo aos poucos suas características iguais as de hoje, que objetivam: a competição, o rendimento físico- técnico, o record, a racionalização e a cientificização do treinamento, tornando-se sua expressão hegemônica. Assim Bracht critica alguns autores que afirmam o esporte moderno como fruto de um sistema linear do desenvolvimento das praticas antigas, não vendo ruptura com seus significados essenciais.
Nos próximos capítulos Bracht primeiramente trás à analise da critica antes da sistematização da critica ao esporte, ou seja, ele nos mostra como as criticas tiveram uma estrutura assistemática, para depois se sistematizar. Revela que não só os sistematizadores dos métodos ginásticos faziam criticas ao esporte e como ele era praticado, também as organizações de ginastica e esportivas de trabalhadores europeus faziam suas criticas ao esporte “burguês” e criavam princípios próprios para suas atividades esportivas. Bracht faz uso das criticas de Bernett pra estas analises.
Nos próximos capítulos o autor afirma que ate a década de 60 o esporte só aparecia em textos na literatura como um mundo a parte, reduto do mundo privado, espaço apolítico da vida, em que a sociologia e a filosofia pouco se preocupavam com o espaço esportivo. Contudo a partir dessa década, esta realidade se modifica. E isto se deve em partes a Escola de Frankfurt (Teoria Critica), que critica duas vertentes: a tese da coisificação ou alienação e a tese da repressão e manipulação, em que resumindo seus significados, prega que as sociedades não desenvolvem todo o seu potencial, pois as relações sociais são conduzidas pelo mundo do trabalho que dita regras e maneiras de se pensar, representando um sistema de manipulação mesmo sendo uma sociedade tecnológica, industrializada e desenvolvida. Assim Bracht procura sintetizar as ideias frankfurtianas, a qual o esporte foi analisado em sua função de estabilização capitalista tardia, ou seja, o esporte passou a ser instrumento das classes dominantes sobre a classe operaria, para que as transformações sociais não viessem a acontecer “Todo gol comemorado no esporte é, na verdade, um gol contra a classe trabalhadora” (BRACHT, Valter 2005, p 30).
O esporte seria um percursor de desvio para as questões sociais, como exemplo o interesse por jogos não permitiria a formação da consciência politica, além de que faria com que a população se adaptasse a regras e comportamentos competitivos, o básico do sistema capitalista. Fazendo uma comparação com o esporte e o trabalho ele se utiliza das palavras de Rigauer: “Se o esporte de alto rendimento é trabalho, e trabalho na sociedade capitalista é trabalho alienado, então alienação também é o que acontece no esporte de alto rendimento”, para mostrar que uma esta interligada ao outra e que depende da posição leitor ao avaliar as criticas ao esporte.
A teoria de Michel Foucault, em que o esporte é visto como uma instituição disciplinadora e controladora do corpo, que pode ser de forma negativa ( quando reprime o individuo) ou positiva ( quando manipula e estimula o ser).  Bracht afirma que a educação física na escola, pode ser entendida como disciplinadora de corpos, exigido na época e que o esporte moderno também pode ser visto como disciplinador.
Já a teoria de Pierre Bourdieu retrata que a pratica esportiva na expressão corporal é um campo de lutas simbólicas pela legitimidade e monopólios, seja entre o amador ou profissional, o esporte de elite e o popular, o participativo e o de espetáculo, sendo a pratica esportiva parte do processo de reprodução das diferenças de classe. Assim Bracht analisa criticamente suas ideias e como são vistas à realidade dos países capitalistas desenvolvidos.
Temos ainda analise do esporte enquanto meio de reprodução de força de trabalho desenvolvido por autores adeptos ao marxismo ortodoxo ou economista, os quais trabalham com a questão da hegemonia, onde o esporte é considerado um elemento de dominação, mas pode ser também um meio de resistência cultural ou politica.
 E nos últimos dois capítulos, se tem a relação entre esporte e estado. A qual o autor, mostra a influencia que um tem sobre o outro, e como ambos se utilizam para ganhar vantagens. Quando utilizado pelo Estado como esporte de alto rendimento, seria como uma reprodução da força de trabalho, estabilizando problemas sociais para controle da população. O esporte de competição cresce cada vez mais, quando o Estado se junta a organizações esportivas, que são em grande parte dependentes de investimentos, ao ganhar o dinheiro estas organizações se compromete a criar atletas de alto rendimento trazendo assim prestigio nacional, desviando dos problemas sociais. Com isso o esporte competitivo se torna hegemônico, ficando o esporte lazer em segundo plano, que tende a uma imitação do esporte de rendimento, exposto pela mídia.
Valter Bracht pretende com essa obra, que os futuros educadores e aqueles que se interessam pelo assunto, criem uma postura critica diante da situação tratada no livro. Sua intenção não é trazer algo pranto e acabado, em que quando o leitor ler aceite a informação passada, mas sim fazer com que o leitor desenvolva um debate a cerca dos temas propostos e das criticas levantadas, para que ele próprio possa desenvolver uma postura critica em torno do tema e um dos mecanismos utilizados pelo autor é as varias perguntas colocadas durante o texto, algumas respondidas com outras indagações e outras simplesmente ficam a solta para que o leitor as responda através do seu entendimento.


 Bibliografia: BRACHT, Valter. A Sociologia Critica do Esporte: Uma Introdução. 3. Ed. Ijuí 2005. Unijuí. Disponível em < https://fefd.ufg.br/up/73/o/Texto_01_-_Sociologia_Crtica_do_Esporte_-_Valter_Bracht.pdf > Acesso em 15 janeiro 2015

14 comentários:

  1. Muito boa apresentação, explicando bem sobre o assunto, com uma postura condizente com um bom profissional, boa fala e domínio do livro. Tendo também uma boa participação da turma e fala auxiliar do professor, e tempo adequado de apresentação. Nota 9,8.

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  2. Kesliane teve boa apresentação e com bom domínio sobre a obra lida, conseguiu transmitir todo o conteúdo lido de forma coerente e lógica e com bom vocabulário. Teve postura perante a turma e esteve dentro do tempo presente. Todos tiveram atenção e houve debate, parabéns pelo esforço, nota 9.

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  3. Foi uma boa apresentação, sem pontos negativos. Nota 8,5

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  4. ótma apresentaçao, clara e sem deixar duvidas. nota 9

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  5. Gostei muito da obra apresentada pela aluna, considero que houve um grande domínio e coerência na linguagem e vocabulário utilizados, houve a participação da classe e também um debate muito bem esclarecido pela aluna. O tempo foi adequado. Parabéns, nota 9,5!

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  6. Uma obra que trouxe atenção e debate dos alunos, de forma clara e com postura. NOTA 9,5

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  7. Boa apresentação, apresentou dominio do livro e propôs um debate interessante , nota 9,

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  8. Achei uma excelente apresentação do livro,linguagem clara,um vocabulário muito bom, dentro do tempo estabelecido e com bastante participação dos colegas, nota 9,9!

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  9. Muito bem apresentado, tema bem interessante, ótimo vocabulário, apresentado de forma direta, expondo os pontos de vista do autor. nota 9.

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  10. Ótimo seminário, a aluna apresentou bem e demonstrou domínio sobre o assunto, falou sobre os objetivos do livro e as citações que o autor faz nele. Manteve uma boa postura, a sala foi atenciosa e participativa. 9,5.

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  11. Na apresentação desta obra literária, percebemos uma crítica à sociedade e suas ressignificações de esporte, que aos poucos assume características centradas na competição, no rendimento físico- técnico, na racionalização e a cientifização do treinamento, tornando-se uma expressão hegemônica e perdendo seus significados essenciais.
    Acredito que o conhecimento desses assuntos se tornam essenciais à nossa formação para que nos tornemos críticos e reflexivos sobre eles.
    Kesliane demonstrou domínio sobre o assunto e soube discuti-lo muito bem; usou uma linguagem simples e lógica mantendo a postura condizente com a de uma futura profissional da área. Merece nota 10.

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  12. Foi uma boa apresentação, sem pontos negativos, seguindo uma lógica conceituada no livro, e com clareza e coerência, a expositora demostrou domínio sobre a leitura da obra, o vocabulário foi correto e adequado a apresentação, a postura foi profissional e preparada pra lidar com a complexidade da apresentação transmitindo com clareza e objetividade seus ideais, houvendo a atenção de todos e a participação nos debates, o tempo limite foi observado e respeitado, nota 9,5 devido ao tempo de debate não sendo suficiente a mais comentários e perguntas condizentes ao tema.

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  13. Na apresentação do seminário da aluna Kesliane, senti que houve um grande domínio sobre a obra, trazendo para os demais alunos, em uma forma clara e objetiva, sendo assim transmitiu bem o conteúdo, houve uma boa postura. Considero que não houve uma grande participação da turma, pois considero que a turma estava um pouco dispersa, mas não por culpa da Kesliane.O tempo limite foi respeitado, sendo assim minha nota é 9.8

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  14. A aluno teve grande domínio do assunto, e apresentou seu seminário dentro das exigências, de forma clara e obejtiva. Nota 9.5

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