terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Resenha do livro: O "mito" da atividade física e saúde - Yara Maria de Carvalho



Nome: Richard Laudelino Signorette dos Santos
Nome: Talita Aparecida Carvalho Alvarenga 

Yara Maria de Carvalho possui licenciatura e bacharelado em Educação Física pela Universidade Estadual de Campinas (1989/1990), especialização em Saúde Pública pela Universidade Estadual de Campinas (1990), mestrado em Ciências do Esporte pela Universidade Estadual de Campinas (1993), doutorado em Saúde Coletiva na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (1999) e livre-docência em Promoção da Saúde pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; pós-doutorado em Ciências Humanas e Saúde pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2003), em Antropologia da Comunicação Visual pela Università La Sapienza di Roma, Itália (2004) e em Filosofia pela Universidad de Córdoba, Argentina (2010). Atualmente é Professora Associada da Universidade de São Paulo. [...]

Para começarmos a entender o livro precisamos de uma pequena conceituação sobre o que é mito e a sua relação com o corpo e sua importância para o Ser humano.
O mito surge para estabelecer parâmetros a serem vividos e questionados pelas pessoas. Ele é “uma forma de o homem situar-se no mundo” (ARANHA & MARTINS, 1986, P.22). Portanto, ele estabelece uma forte relação com o corpo.
O corpo sempre foi objeto de disputas políticas e de imposições das classes dominantes e, com isso, obtiveram diferentes concepções a seu respeito juntamente com uma análise da sua relação com a alma nas mais variadas culturas e períodos históricos.
Na Grécia Antiga, Platão virava-se para o homem (corpo) e enriquecia o espírito (alma). Com isso, criaram-se dois modelos de vida: o teórico e o prático. Porém, mesmo desprezando o real e o trabalho manual, o corpo tinha que estar em boa forma para o espírito fluir sem limitações. Em Roma, houve um aproveitamento dessa idéia pelos patrícios, porém, utilizavam o corpo de uma forma mais extravagante através de espetáculos sangrentos e guerras, mas posteriormente com o cristianismo, ele se tornou a marca do pecado e as práticas corporais passam a ser fúteis na época. Somente no período do Renascimento que a atividade física volta a ser de interesse social e tem-se a ideia, através de Montaigne, de que temos que saber usufruir totalmente do nosso Ser (corpo e alma). Mas a partir da Revolução Industrial, o corpo passou a ser o centro da questão, pois se tornou objeto de funcionamento do capitalismo.
O corpo, por sua vez, é objeto de estudo de áreas como, por exemplo, a medicina, saúde pública e a educação física, estabelecendo-se então relações entre elas. Tais disciplinas sofreram influências por aspectos políticos e sociais ao decorrer da história. No Brasil essas áreas de estudos do corpo tiveram progresso depois que surgiram certas epidemias, como por exemplo, a do Levante. Com isso, viu-se necessário uma melhoria no aspecto da saúde pública, pois paralelamente ocorria um avanço da ciência e, é através dela que questões ligadas à saúde evoluem. Outro importante fator foi o desenvolvimento econômico e tecnológico do período, pois as instituições tinham mais capital e estrutura para investir na saúde.
Após a década de 30 a saúde nacional interrompeu tal evolução, pois na Europa criou-se a política do eugenismo e do higienismo, visando estabelecer certos parâmetros de ordem social voltadas para um bem nacional e um bem de determinada “raça”, criando-se o chamado “novo homem”. Com isso, deu-se um poder maior a medicina permitindo que ela entrasse nas demais áreas e estabelecem-se determinadas “regras” baseadas nos ideais dos governantes da época.
A partir desse momento a Educação Física e a atividade física passaram a ser afetadas pelo capitalismo, pois as classes dominantes fortaleciam a ideia de que a prática de atividades físicas estava totalmente ligada à saúde. O principal meio de disseminação dessa idéia foi à mídia. Através dela era possível criar e propagar a imagem de um padrão corporal a ser seguido e utilizavam esportistas para reforçar tal pensamento. Com isso, aqueles que não tinham um corpo nos padrões da sociedade eram vistos com maus olhos, pois estavam totalmente ligados a inaptidão física, preguiça, doenças etc.
Felizmente, esse cenário serviu de contribuição para uma profunda reflexão a respeito do currículo da Educação física brasileira e sua importância nas instituições de conhecimento da sociedade. Ou seja, após esse período, em meados dos anos 70 e 80, surgiram novas teorias a respeito das atividades físicas que proporcionaram um campo maior de abrangência, não só biológico, mas também conceitual, levando o Ser humano em sua totalidade, como propunha Montaigne.
Com o passar do tempo o mundo cultural se tornou parte do mercado capitalista e, com o tempo, se tornou de fato um mercado industrializado a ser movimentado. Com isso, barreiras foram impostas aos profissionais da Educação Física, pois a atividade física e o esporte viraram um objeto de consumo através de academias, clubes, eventos esportivos, grifes etc. Ou seja, tal profissão teve que dividir espaço com instituições privadas que visam o lucro através dessas práticas e muitas vezes com formas que se contrapõem ao conhecimento do profissional. Portanto, o movimento corporal passa a ser regrado por padrões de estéticas estabelecidos pelo capitalismo, visando o consumismo desenfreado pela massa.
“Em outras palavras, a cultura vive uma falsa emancipação porque ela cai na esfera do mercado e se industrializa e, nesse exato momento, ela deixa de ser cultura. A cultura que é matéria-prima da indústria cultural, para ADORNO (1975), já não é cultura.” (Yara, p.87)
Mas em meio a esse cenário onde estão os profissionais da Educação Física?
Segundo MEDINA existem três tipos de concepções da Educação Física:
1.    A Educação Física convencional, onde o profissional é um Ser totalmente influenciado pelo mundo externo do capital e que acabam reduzindo a sua visão perante os alunos a seres biológicos, deixando de lado o lado intelectual.
2.    A Educação Física modernizadora, onde o profissional leva em consideração o aspecto biológico e o mental do indivíduo, porém, também sofrem influências externas, voltando para o primeiro perfil.
3.    A Educação Física revolucionária, onde o profissional trabalha o Ser como um todo, pois “auxiliam no desenvolvimento integral do seres humanos, renovando-os e transformando-os no sentido de sua auto-realização e em conformidade com a própria realização de uma sociedade mais justa e livre” (MEDINA, 1983, p.81). São considerados “agentes de renovação e transformação” da sociedade (Yara, p.103).
Infelizmente, a maioria dos profissionais se enquadra na primeira concepção a respeito da disciplina. Mas se pararmos para analisar, podemos perceber que o profissional da Educação Física não está mais limitado a um professor que segue apenas os saberes da cultura em massa, hoje ele tem um amplo horizonte de possibilidades, pois todos os saberes ligados ao corpo, em sua prática ou em sua história, são determinados por esses profissionais. Até quando vamos ficar ocultos e deixar que a sociedade nos apequene?! Temos que resgatar nossos valores e ampliar nossas áreas de ação e assim consolidá-las.
Temos que romper com o conceito criado de que a saúde e o bem-estar do sujeito estão ligados a boa forma e atividade física. A partir do rompimento dessas ideias de atividade física/saúde, podemos abrir a mente da sociedade perante o que de fato é saúde e qual a representação do corpo na história e de como ele é disputado e modelado pelas classes dominantes através dos chamados mitos que necessariamente não precisam de provas e sim de nossa sabedoria para questioná-los.

Bibliografia 
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4721808Z5 
YARA, O "mito" da atividade física e saúde

11 comentários:

  1. Boa apresentação, mostrando domínio do livro e uma ótima fala. postura adequada para um profissional, se mostrando preparados para tal. Um ponto positivo foi a apresentação sem o uso da leitura, mostrando terem lido e estudado o livro adequadamente. Boa participação da turma no debate, e tempo adequado da apresentação.Nota 10.

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  2. 1.pontos positivos o assunto abordado bem tratado,
    2. muito bom.
    3. Apresentação condizente
    4.demonstrou domínio sobre o assunto do livro.
    5. O vocabulário foi correto.
    6. boa postura
    7. transmitiu bem o conteúdo.
    8. houve participação da turma.
    9. O conteúdo ficou dentro do tempo pré-estabelecido para a apresentação.
    10. nota, 9

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  3. Atribuo a dupla, apenas pontos positivos perante a apresentação. Possuíram uma boa postura, uma linguagem devidamente coerente e também um bom vocabulário. Tiveram um grande domínio do livro em questão, houve um grande debate e participação da turma e também claro, do nosso professor Márcio! Parabéns pela dedicação, nota 10!

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  4. 1.Mostraram domínio sob o livro, ponto negativo foi que por um instante fugiu um pouco do tema, mas não foi culpa dos alunos que estavam apresentando.
    2.Boa
    3. Sim
    4. Demonstraram domínio e abriram espaço para os companheiros expressarem suas opiniões.
    5. Sim
    6. Soube respeitar as falas dos amigos, permaneceram o tempo todo com a atenção voltada para o público.
    7.Sim
    8.A turma interagiu bastante, foram dadas várias opiniões.
    9. Dentro do tempo
    10. Nota 9

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  5. Apresentação adequada e dentro dos critérios exigidos, a dupla teve domínio da leitura feita, usou vocabulário correto e soube transmitir todo o conteúdo da obra. Houve muito debate dentro de sala e esteve dentro do tempo presente. Estando os mesmos com postura discente ao exigido da futura profissão que seguiremos. Parabéns nota 9.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. 1- Achei excelente o assunto apresentado por eles, argumentos muito bem postados, bastante dominio do assunto, nesta resenha professor márcio nos instigou muito ao debate,, dentro do tempo estabelecido, 9,8!

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  8. A dupla demonstrou domínio sobre o assunto tratado no livro, mantiveram uma boa postura durante a apresentação, falam de cada capítulo separadamente e citam fatos históricos condizentes com o livro. Ótima apresentação. 10.

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  9. Foi uma boa apresentação, sem pontos negativos, seguindo uma sequência lógica com coerência, demonstrando domínio sobre o conteúdo abordado no livro, com vocabulário correto e adequado para a apresentação, tendo um comportamento profissional durante o seminário, transmitindo a compreensão obtida na sua interpretação da obra, tendo a atenção e participação de todos, o tempo limite foi respeitado ao fim da apresentação, nota 9,5 devido ao conflito de ideais que tomaram tempo durante a apresentação.

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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  11. A dupla, Talita e Richard, fizeram uma apresentação clara e objetiva, levantando questionamentos a respeito da obra lida. Tiveram domínio e entendimento da obra. Houve participação da turma no debate e vários posicionamentos, inclusive do próprio professor, o que ajudou a entender mais sobre a obra e também varias questões para que cada aluno reflita sobre os mitos que nos cercam, um deles a religião. Merecem 9,8.

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