quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Resenha crítica do livro: "A janela de vidro: Esporte, televisão & educação física"



Por: Eric dos Santos Pereira

Dados da obra: BETTI, Mauro. A janela de vidro: Esporte, televisão & educação física. Campinas – SP. Editora: Papirus, 1998. 159 págs.


Credenciais do autor:
Mauro Betti, brasileiro é licenciado e mestre em Educação Física, doutor em Filosofia da Educação e livre-docente em Metodologia da Pesquisa em Educação Física. Trabalha na Universidade Estadual Paulista (Unesp) desde 1986, primeiro no campus de Rio Claro, e atualmente no Departamento de Educação Física da Faculdade de Ciências-Bauru. Também é docente e orientador no Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp de Presidente Prudente.                       
Autor dos livros: Educação Física e Sociedade (Hucitec), A Janela de Vidro (Papirus), EF Escolar: ensino e pesquisa-ação (Ed. Unijuí) e organizador da obra Educação Física e Mídia: novos olhares, outras práticas (Hucitec).


Com o impacto que a mídia vem influenciando o esporte, o autor acaba se deparando com várias perguntas que são relacionados a educação, educação física, filosofia, ciência, esporte e a televisão.
Por meio de pensamento de vários filósofos e pedagogos o objetivo de BETTI é usar a hermenêutica para interpretar o discurso da televisão sobre o esporte e refletir criticamente sobre suas repercussões na educação física.


A obra foi dividido em cinco capítulos:
·         Capítulo I: Cenário
·         Capítulo II: Argumento
·         Capítulo III: Direção
·         Capítulo IV: Esporte em close
·         Capítulo V: Interpretação

No primeiro capítulo BETTI explica o que entende sobre educação física, educação e o esporte.

 O autor inicia afirmando que ninguém mais faz aula de educação física, que foi se transformando em “esporte”. Exalta também que devido a evolução histórica a concepção da Educação Física e a prática pedagógica precisa ser repensada. BETTI Destaca que: “A principal tarefa da Educação Física na Escola é introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir do jogo, do esporte, da dança e das ginásticas em benefício de sua qualidade de vida.”
Para o autor o conceito de educação física é denominada de maneira mais ampla como: "cultura corporal de movimento", um conceito comum contemporâneo.

Sobre a Educação o autor critica o “tempo moderno” com a crise dos “ismos” que resume a realidade precária da educação e a influência da religião, mídia, cultura e tecnologia.
Para o autor a educação é entendida como um permanente processo de valoração. Conforme esclarece Sônia A. I. Silva: "experiência, atividade ou relação axiológica que, enquanto tal, indica a vivência humana dos valores".
O autor busca necessidade de mudança, esperança e utopia, um planejamento de um futuro melhor e o aperfeiçoamento humano. E também apoia as reflexões de Flusser sobre a escola moderna que é: “supérflua, inoperante e anti-funcional.” 
BETTI expõe seus receios sobre o futuro da educação escolar e questiona qual é a importância do esporte como um objeto de educação.

Ao explicar sobre o esporte e a relações entre a educação e a escola o autor utiliza os conceitos do pedagogo francês Georges Belbenoit, que alguns conceitos utilizados por BETTI foram:

·         “O esporte é a forma mais rica e adaptada ao nosso tempo, de um tipo de “experiência de base”, carnalmente vivida, que permite construir, pela prática e pela reflexão, uma ética de saúde global.”

·         “O esporte é o fenômeno sociocultural mais importante de nossa época, e é tão urgente aprender a posicionar-se diante dele, quanto em relação aos meios de comunicação de massa.”

·         “Introduzir o esporte na escola, assim como as novas tecnologias pedagógicas, audiovisuais ou informáticas, é “fazer viver a escola com o seu tempo.”

Assim, para BETTI o esporte na escola deve ser entendido em sentido amplo, que vai além da competição, com qualidade de vida, atividades de lazer, valor higiênico, educativo e cultural.
No segundo capítulo o autor traz argumentos, diretrizes ao esporte e televisão (utilizando o termo genérico “mídia”).
Ele acredita que não é mais possível relacionar o esporte contemporâneo sem associá-lo aos meios de comunicação de massa. E a maneira como praticamos e entendemos o esporte foi o elemento chave dessa transformação, graças a figura do espectador, que está disposto a pagar para assistir as competições esportivas e financiar o sistema comercial do esporte. E por meios da popularidades dos astros esportivos, uma combinação de sucesso e imagem do produto, o esporte se torna atraente para as indústrias.
Por esse motivo o autor acredita que é mais que apropriado usar a expressão “esporte espetáculo” para definir o esporte nos dias atuais.
Assim BETTE disserta que a televisão traz novas formas de compreensão através da imagem e o som, a fragmentação, a velocidade, a "reconstrução" da realidade. Expondo então três ocupações importantes sobre a televisão defendidas por vários filósofos. A primeira ocupação mostra a TV como a função hipnótica, alienante, dominando os telespectadores de forma massiva, a reprodução da cultura como mercadoria no processo capitalista.
A segunda ocupação mostra que o problema não está nos meios de comunicação em massa televisionada. E sim em como as indústrias regem o marketing abusivo. E a terceira ocupação pode se resumir pelo julgamento de Eco, que a TV apresenta novas formas de vidas, diversas realidades sociais. Concluindo que a TV pode oferecer efetivas possibilidades culturais, Porem precisamos “peneirar” o que realmente é cultura do lixo audiovisual sendo assim, finalizo esse pensamento com a advertência de Eco: "só se salvará se fizer da linguagem da imagem uma provocação à reflexão crítica, não um convite à hipnose".

Para concluir esse capítulo o autor exibe o método hermenêutico, que sua função é compreender e explicar o sentido de um texto. E BETTI se propõe por meio da hermenêutica de Paul Ricoeur, interpretar o discurso da televisão sobre o esporte refletindo criticamente sua repercussão na educação física e seus educadores.

O terceiro capítulo o autor tratará o discurso e a hermenêutica, em busca de bases epistemológicas que sustentará nossa interpretação do fenômeno esportivo na televisão. Com o fundamento de desencadear as questões que a filosofia da educação remete a educação física, Fazendo uma reflexão crítica que desvele novos sentidos para as tarefas educacionais da educação física contemporânea.

 O autor expõe essas questões:

·         “A cultura esportiva contemporânea pode ser concebida sem considerar o esporte espetáculo promovido pelos meios de comunicação de massa como um seu componente? Quais as consequências de uma resposta positiva, e de uma resposta negativa, para a Educação Física Escolar?”

·         “Quais as repercussões para a tarefa educacional da Educação Física - tanto no plano axiológico como teleológico - o fato de seus conteúdos programáticos serem cada vez mais influenciados pela televisão?” 

·         “Quais os fundamentos de uma "pedagogia da imagem", que forme espectadores críticos, capazes de usufruir do esporte-espetáculo enquanto apreciação carregada de significação cultural, simultaneamente estética, lúdica, ética e técnica-informativa; uma apreciação, enfim, plena de inteligência e sensibilidade?”

·         “Se a Educação Física pretende-se uma disciplina educativa, quais as repercussões no plano ético que decorrem da difusão de novos valores sobre o esporte alimentada por um discurso comprometido com interesses comerciais?” 

BETTI termina o capítulo concluindo que a educação física não é mais um dado, e sim uma tarefa, um projeto para fazer a educação física a ser mais completa, com mais conteúdo.

Ao chegar no quarto capítulo o autor faz uma recapitulação do que foram empregados nos capítulos anteriores. Os problemas dos “ismos”, A busca de uma relação forma-conteúdo e a interpretação hermenêutica da televisão. Usando como estudo 180 horas de programações de 6 emissoras (Bandeirantes, SBT, Globo, Record, Manchete e Cultura) e identificando 9 direções, sendo: Falação, cotidiano, ao vivo, nostalgia, adrenalina, esporte global, anuncio publicitário, veja de novo e espetacular. 
Conceitos de algumas direções: 
Ao Vivo que proporciona a cumplicidade entre o locutor e o telespectador diante do inesperado.
Veja de novo que traz conforto de rever os lances, faltas com o recurso do replay e Espetacular o jogo de cores, música e a dramaticidade imprimida ao jogo pelo narrador.

No quinto capítulo o autor usa teorias sobre o esporte para nosso favor e a nossa compreensão, com objetivo de buscar os sentidos que permitem interpretar a crítica do discurso televisivo sobre o esporte, definir os limites do novo fenômeno: esporte telespetáculo, sendo: As teorias do jogo, as teorias marxistas, a teoria do processo civilizador, teorias culturalistas, a perspectiva da globalização e a perspectiva do “pós-modernismo.”
Assim, o esporte telespetáculo muda nossa maneira de perceber e praticar esporte, apresenta uma nova proposição de esporte que cabe à educação física apropriar-se criticamente se quisermos atualizar sua tarefa educativa e apostar na educação audiovisual.

BETTI diz que televisão deixa de ser um instrumento de percepção do mundo e se transforma em um método pedagógico que a educação física mobiliza para a interversão da vida. E para finalizar o autor conclui que nenhuma das teorias sobre o esporte dá conta da totalidade necessária à interpretação do discurso televisivo.


Ao finalizar o livro “A Janela de Vidro” é possível ter uma visão mais ampla da importância da mídia sobre o esporte (com formas positivas e negativas) e como isso pode afetar a educação física, e como podemos manobrar e acompanhar essa mudança tecnológica audiovisual. Fazer a educação física ser mais que apenas “esporte”, trazer conceitos, filosofias, críticas, a disciplina. Desestruturar os preconceitos, e o problemas dos “ismos” que permanece ao nosso redor. O livro me fez rever meus conceitos que eu, como um futuro profissional da área da educação física posso fazer sim a diferença mesmo que o ensino moderno seja falho.





Referências bibliográficas:

Credenciais do autor: http://cev.org.br/qq/mauro-betti/

Todos as citações, autores, filósofos, pedagogos que cito na resenha crítica se encontram nas referências bibliográficas do livro: A janela de vidro: Esporte, televisão & educação física. (Papirus) 1998.

11 comentários:

  1. O seminário foi bem apresentado de forma clara e de fácil entendimento, destaca de com a sociedade está vivendo apenas com televisões, celulares, computadores, vídeo game entre outros,a apresentação em si foi ótima. Nota 10

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  2. 1.Somente pontos positivos
    2.boa apresentação.
    3. Apresentação condizente
    4. domínio sobre o assunto do livro.
    5. O vocabulário foi correto.
    6. A postura foi adequada
    7. transmitiu bem o conteúdo.
    8. houve participação da turma.
    9. O conteúdo ficou dentro do tempo
    10. nota, 9.

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  3. 1- Excelente apresentação.
    2- Utilizaram bons argumentos, passaram de forma clara tanto a ideia principal do livro quanto suas opinioes a respeito do tema.
    3- Sim
    4- Sim ambos apresentaram dominio sobre o livro.
    5- Sim
    6- Postura adequada.
    7- Apresentaram muito bem dando oportunidade para as falas dos colegas de sala e levando o assunto para questoes reflexivas, já que, muitas pessoas da sala apresentaram situações que se pareciam com o que foi apontado pelo livro.
    8- Sim , bastante.
    9- Dentro do prazo.
    10- Nota 9,5

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  4. Muito boa apresentação achei bem claro a ideia do livro, os dois apresentaram bastante domínio do assunto, muita participação dos nossos colegas, dentro do tempo estabelecido, nota 9,8!

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  5. Ótima apresentação, ambos demonstraram domínio sobre o assunto tratado no livro e souberam bem como passar para a turma de capítulo em capítulo. A linguagem utilizada foi adequada, a dupla manteve uma boa postura. 10.

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  6. Eric e Sarah demonstraram total domínio sobre o assunto. Com essa obra literária, foi possível discutir diversas questões importantes não só à nossa formação acadêmica, mas também pessoal. Entre as questões discutidas, podemos citar a discriminação sofrida pela Educação Física em relação à sua grade. Muitos acreditam que essa disciplina preza somente o esporte e sua competitividade, e de certa forma muitos profissionais realmente trabalham dessa forma. Porém, devemos tomar em mãos a capacidade de renovação que temos como futuros profissionais da área, e buscar alterar esse cenário.
    Dessa forma, Sarah e Eric ressaltam a importância de trabalhar os extremos da Educação Física: Esporte X Jogos Cooperativos e Lúdicos.
    Sarah e Eric colocam suas opiniões de forma lógica e simples, o que acrescenta muito ao trabalho e o torna muito interessante. Ambos mantém a postura esperada de futuros profissionais.
    O tempo foi extrapolado, mas é preciso considerar a complexidade dos assuntos tratados, como também, algumas discussões positivas de classe que fora feitas durante a apresentação. Merecem nota 10, sem dúvida

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  7. Foi uma boa apresentação sem pontos negativos, seguindo a lógica exposta pelo autor na obra, e coerência pelo aluno, demonstrando domínio da leitura, utilizando vocabulário apropriado, obtendo uma postura com atitudes profissionais, transmitindo com clareza o conteúdo abordado, houvendo atenção e participação de todos no debate, o tempo limite foi observado e respeitado. Nota 9,7, sendo obtido excelência na apresentação devido ao tema ser de difícil compreensão, porém, muito bem explorados pelos expositores.

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  8. Senti que ambos tiveram muita segurança em apresentar o livro, pois pareciam ter entendido muito bem sobre o que o livro estava dizendo. Um ponto positivo que irei focar é sobre a postura da dupla(pois como dito anteriormente senti uma maior confiança de ambos em apresentar o livro e em consequência uma melhor postura) trazendo exemplos para uma melhor compreensão e para que a turma também participasse. O tempo não foi respeitado, porém, como o assunto foi extenso não considero isso como um ponto negativo.Parabéns a dupla pois o livro foi muito bem apresentado. Nota 10!

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Sarah e Eric, apresentaram o conteúdo da obra de forma clara e objetiva, demostrando domínio e entendimento sobre o assunto, da discriminação que educação física, sofre, muitas vezes pelos próprios alunos que a rebaixam. Se posicionaram durante a apresentação, falando suas opiniões sobre o que estava em discussão e como os jogos cooperativos são importantes para a educaçao. Merecem 10.

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  11. Eric e Sarah apresentaram o conteúdo de forma bastante clara e argumentativa, mostrando amplo domínio sobre o assunto. Extrapolaram um pouco o tempo devido a grande discussão gerada pela turma diante do assunto. Excelente seminário, nota 10.

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