Resenha do livro Lazer e Educação

Lazer e educação

Nelson Carvalho Marcellino, natural de Campinas (SP), é sociólogo, licenciado em Ciências Sociais, mestre em Filosofia da Educação pela PUC-Campinas e doutor em Educação pela Unicamp. Desenvolve projetos de pesquisa na área dos estudos do lazer há 20 anos.

A escola Brasileira foi influenciada por duas vertentes, a primeira veio pela pedagogia católica, assumida pela Igreja, onde tem por característica a metafisica, que é o estudo da existência do ser, procura interpretar o mundo, a natureza, a constituição e as estruturas básicas da realidade. A segunda é a pedagogia escolástica, um pouco mais recente e vinda da Europa, que baseia a educação no conhecimento objetivo e rigoroso.  

Apesar das diferenças entre elas, as duas tem em comum a visão do homem predominantemente racional, e sua educação tem prioridade na e para a racionalidade. E nessa cultura não sobra espaço na educação para outras manifestações.

O estudo foi originalmente apresentado dissertação de Mestrado, e tem como objetivo verificar as relações que existe entre o lazer, a escola e o processo educativo, busca também a formulação de uma pedagogia alternativa e por fim a papel da escola no lazer. O livro é dividido em quatro capítulos e tem como metodologia de pesquisa a analise de textos.

No primeiro capitulo intitulado "Dois temas polêmicos: Duas fontes de mal – entendimentos", o autor apresenta as diferentes formas de lazer e educação. Inicialmente apresenta o lazer com duas abordagens, a direta e a indireta. Na abordagem indireta assume dois tipos de lazer, o primeiro é o lazer como cultural promovido pelas atividades artísticas e praticas física, e o segundo é o lazer como obrigação, como por exemplo, as relações familiares.  Já na abordagem direta mostra a incorporação do conceito de lazer, que no senso comum está relacionada com divertimento.

 O lazer normalmente aparece como escape do consumo e alienação do trabalho. O trabalho é o meio de ganhar a vida e o tempo de lazer é onde se obtém felicidade e possa desfrutar dela.

Tendo mostrado essas concepções do lazer, o autor apresenta diferentes citações sobre lazer e aponta que apesar de não haver um consenso sobre o lazer, são perceptíveis duas linhas de conceituação, o aspecto atitude que é o lazer como estilo de vida, independente de um tempo determinado, e o aspecto tempo onde dá uma grande importância ao tempo, como o tempo livre, não só do trabalho, mas de outras obrigações.

Por fim, chega à conclusão que se entende de lazer “como a cultura –compreendida no seu sentido mais amplo- vivenciada (praticada ou fruída) no tempo disponível”, ou seja, ação que não tem nenhum interesse exceto a satisfação, o tempo nesse caso pode ser entendido como a opção da atividade, sendo ela pratica ou contemplativa. Sendo diferente o tempo disponível, que é o tempo fora do trabalho, do tempo desocupado, sendo este entendido como o tempo desempregado.

A segunda parte tem como titulo “O duplo aspecto educativo do lazer” o autor traz o lazer com veiculo e objeto de educação. O lazer ganha uma dimensão muito maior quando pensamos nas possibilidades na área da educação. Surgindo assim as manifestações da educação pelo lazer e da educação para o lazer.                

Na primeira o lazer aparece como instrumento de educação, o lazer não é apenas um bem de consumo, aqui ele buscam conceber uma nova forma de educação pautada nessa pratica. Já na segunda, traz um aspecto educativo para o lazer, onde a educação é permanente e busca o desenvolvimento cultural. Esta vertente tem enfoque a criticidade em relação às praticas de lazer capitalista e incentivando a imaginação criadora.

O lazer apresentado como objeto de educação é tido como uma educação aplicada de uma maneira diferente, mais dinâmica e prazerosa, então todo o processo é uma ação de lazer.

No terceiro é apontado o “Lazer e escola: um amontoado de equívocos” onde é analisada a posição da escola em relação ao lazer, e como é a interação entre a vida escolar e a cultura vivenciada no tempo de lazer.

O autor aponta que nas tentativas de unir o lazer com a pratica educativa, muitas vezes acontece à omissão dos professores, agindo como meros espectadores. Mas ele também mostra como a vivencia do lazer na vida escolar contribuiu para aumentar a atenção, diminuir o rigor em relação aos conteúdos, mas sem deixar que o trabalho escolar perdesse sua importância.

E no fim, chega a um consenso com auxilio das observações de Regis Moras, em que se deve haver um esforço na busca do equilíbrio entre disciplina e lazer, pois qualquer destes elementos sem o outro desvirtua o projeto humano.

Podemos afirmar então que há espaço para o lazer na escola com todas suas possibilidades educativas.

O ultimo capitulo tem como titulo “Elementos para uma pedagogia da animação” onde é apresentada a pedagogia da animação, que é uma proposta de reconhecimento da relação lazer-escola-processo educativo. Estando ligada a criação de ânimo, provocação de estímulos e a cobrança da esperança.

A proposta dessa pedagogia é encara-la na perspectiva de mudança, relacionada a um processo amplo de educação, que considera a relação das possibilidades da escola com as potencialidades do lazer.

Com todos os fatos apontados no decorrer do livro, entende-se que não há uma separação entre lazer-escola-processo educativo.

Link do vídeo
https://youtu.be/zjoYaxTuHg0