sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Resenha crítica do Livro Corpo, Sentido Ético-Estético e Cultura Popular - Wisnner Vander

Esta resenha se trata sobre o livro “Corpo, Sentido Ético-Estético e cultura popular” da autora Larissa Michelle Lara. A autora é professora na Universidade Estadual de Maringá, atua nos cursos de graduação e pós-graduação em Educação Física. Contém mestrado (1999) e doutorado (2004) pela Universidade Federal de Campinas, pós-graduação pela Universidade de Bath (Reino Unido, 2017). A autora também assumiu a diretoria cientifica do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte em 2017.
O livro tem o intuito de levar o leitor a ter uma reflexão sobre a cultura esquecida do corpo e sua sensibilidade, tenta também recuperar o corpo como um objeto de construção social e portador de sentido ético-estético, junto com a ação de pensar, agir e decidir do ser humano.
Para facilitar a apresentação, o livro foi dividido em três partes a quais irei explicar. A primeira parte consiste num conceito mais histórico, fundamentada pelo conceito ético-estético. A segunda parte usa de recursos para avaliar o corpo como uma construção social. Por fim a terceira parte é uma pesquisa de campo em uma comunidade em Recife, para confirmar as duas partes anteriores.
Primeira parte: O que é ética? De acordo com o texto, algumas referencias tratam ética como algo moral. ChauÍ (1995) diz que ética e moral são um conjunto de obrigações para a conduta de um membro. Vazquez (1975) diz que é ética é a ciência da moral, se trata do comportamento humano. Moral é um conjunto de normas, regras, princípios e valores que se transformam em diferentes sociedades de forma livre e consciente.
Segundo a autora, a ética é uma filosofia moral, é algo que lida o comportamento dos homens por meio de relações sociais, regras, princípios e valores ligados a realidade histórico-cultural. A moral pode ser vista como conjunto de regras e normas que regulam as ações de indivíduos em uma comunidade social.
O que é estético? está relacionado ao belo, não é ligado a um determinado objeto, mas sim na relação entre o objeto e o homem, é justificado a partir do gosto. A experiencia estética aflora os sentidos e também desperta o senso crítico, estranhamento, mudanças de lugares etc.
Ética e estética não são apenas ramos da filosofia, mas também é a concretização do próprio existir humano. O sentido ético-estético se materializa no sagrado e no profano, na racionalidade ocidental e mítica.
O sentido ético-estético supera limites culturais e estilísticos, está presente no homem e consequentemente em todas suas ações, está em diferentes situações que fazem levar a um homem de convivências.
Segunda parte: Entendimento do homem como ser cultural, o corpo é a edificação dos desejos, da racionalidade, das necessidades humanas.
Mauss (1974) reconhece que os movimentos corporais são técnicas criadas pela cultura e que são transmitidas de geração em geração e são cheias de significados característicos. A partir disso é possível pensar no sentido ético-estético presente em cada ação cotidiana, em cada gesto da vida em sociedade.
O corpo é muito mais que uma massa, nele estão inseridos formas artísticas ou indicadores sociais de status, praticas associadas a partir de razão particular, ritual ou estética.
A cultura é um espaço da construção humana onde estão contidas a estética, os valores, a moralidade, as ações e regras. Nela um povo ou uma comunidade constrói sua simbologia, seus conhecimentos e sua representatividade.
Cultura: O termo cultura popular é mais utilizado na literatura acadêmico-cientifica e apresenta pensamentos livres dos vícios conceituais e folclóricos que carrega a palavra folclore.
O livro também traz claramente a mudança na expressão “cultura popular” devido aos interesses das classes dominantes. Antes era vista como primitivismo, comunitarismo e purismo e depois como forma de controle estatal.
Ao realizar a leitura deu a entender uma pequena diferenciação entre cultura popular e folclore. Folclore estaria presente em todas as classes sociais, enquanto cultura popular estaria presente apenas na classe menos favorecida.
O corpo é também capaz de produzir cultura, seja por meio de jogos, esportes, danças, lutas entre outras práticas. Nesse sentido, explicando especialmente sobre as danças, elas são capazes de caracterizar costumes e tradições através de gerações. Os significados das manifestações dançantes são revelados no corpo, nas vestimentas e no instrumental.
Terceira parte: A autora com o intuito de investigar o corpo como construção cultural, iniciou um estudo de campo sobre o Maracatu-nação Cambinda Estrela. Para isso foi até Recife para começar as investigações. 
De inicio a investigadora apenas observou os dançantes, após algum tempo foi convidada a ficar mais próxima, podendo se instalar na casa do mestre de batuque. Porém começaram a aparecer alguns conflitos, ela estava presa dentro da casa e não poderia sair por causa do alto índice de violência que continha na comunidade, além disso foi colocado para ela um segurança para fazer sua escolta, ela se viu prejudicada, como poderia se aproximar dos populares com tantos obstáculos ao seu redor ?
A solução foi revezar a ajuda do acompanhante, as vezes necessitava e outras não, assim começou de fato a investigação. A pesquisa foi feita através de observação e entrevistas intensivas voltadas para a comunidade do maracatu.
É relatado no texto as dificuldades que foram encontradas na inserção em uma comunidade de cultura popular, conteve situações que exigiram cautela, medo de negação por parte da população e muitas vezes correu riscos por causa do alto índice de violência do local.
O Maracatu-nação Combinda Estrela, foi classificado como carnavalesco a fim de festejar os dias de carnaval. Seu objetivo é promover a interação social dos membros da comunidade, pugnar a defesa da tradição, lutar por uma comunidade sem preconceito e contribuir para a defesa de outras expressões culturais pernambucanas.
Concluindo, investigar a cultura popular é ficar atento nos fatos de que os indivíduos buscam permanecer em uma comunidade moral, pautada em princípios gerados na coletividade. Observando os populares da pesquisa pode se observar que o sentido ético-estético do corpo são definidos pelas regras e comportamentos da comunidade, eles também definem as técnicas corporais, moralidade, e ações dos indivíduos.

REFERÊNCIAS
EDUEM. Disponível em: 
<www.eduem.uem.br/novapagina/?q=system/files/Liv-Larissa-Corpo.pdf> Acesso em 5 de Outubro de 2018.

2 comentários:

  1. gostei muito da sua resenha.
    Uma parte que me chamou atenção foi onde fala ´´tenta recuperar o corpo como um objeto de construção social e portador de sentido ético-estético, junto com a ação de pensar, agir e decidir do ser humano.''.
    obra maravilhosa.

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  2. Muito bom, esse livro nos leva a refletir sobre a cultura do corpo.

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