EDUCAÇÃO
DO CORPO NA ESCOLA BRASILEIRA
MARCOS
AURÉLIO TABORDA DE OLIVEIRA
Sendo um trabalho de pesquisa, Marcus Aurélio
Taborda de Oliveira consegue organizar um conjunto de ensaios que reconstituiu
um interessante painel que desvenda muito das praticas corporais acontecidas no
âmbito escolar. Educação do corpo na escola brasileira é uma coletânea que
utiliza pesquisa em arquivos, para a compreensão dos fenômenos educacionais É
uma coletânea de dez textos que, em sua maioria, abordam a questão do trato do
corpo e das práticas corporais nas escolas brasileiras. As análises apresentadas desenvolvem-se a partir de pesquisas na
área da história da educação e educação física realizadas em sua maior parte
por pesquisadores do estado do Paraná. Os trabalhos lançam novos olhares,
perspectivas e expectativas para o desenvolvimento de pesquisas sobre o
assunto, especialmente por abordarem temas bastante variados, tais como:
disciplina; castigos corporais; relações entre escolarização e esporte;
disciplinas escolares; higiene, violência, currículo, musicas.
"A
educação do corpo na escola brasileira", é, segundo o autor, um conjunto
de reflexões que pretendem sugerir algumas possibilidades para um programa de
pesquisa em torno da instauração de práticas corporais no interior da escola.
Estas reflexões são elaboradas a partir de quatro eixos: o sentido de um
programa de pesquisa que pretende estudar historicamente a relação entre
corporalidade e escolarização; o conjunto de temas que pode encerrar a
documentação sobre a qual se pode trabalhar; a inter-relação entre diferentes
campos disciplinares. Durante o trabalho, ele aborda estes eixos através do
diálogo com alguns resultados de um projeto de pesquisa sob sua coordenação,
que vem estudando a questão no contexto da escola paranaense.
Em
"Marcas do corpo escolarizado o inventário do acúmulo de ruínas, abordado
fala sobre: A articulação entre memória e filosofia da história em Walter
Benjamim", o autor Alexandre Fernandez Vaz reúne parte dos resultados de
uma pesquisa que fez sobre teoria crítica, racionalidade e educação. “Sobre a
articulação entre memória e filosofia da história em Walter Benjamim”, o autor
reúne parte dos resultados de uma pesquisa que fez sobre teoria crítica,
racionalidade e educação. Neste texto, ocupa-se do tema da memória e da
história em Benjamim e Adorno, tendo como fonte para seus comentários as
recordações de infância que aparecem em trechos de obras destes pensadores. Nas
memórias de Benjamim, a escola aparece como espaço de restrição e sofrimento,
enquanto em Adorno observa-se uma relação entre fascismo, os primeiros anos de
vida e o cotidiano escolar.
A
violência na escola, corpo e escolarização, tema abortado por Luciane Paiva
Alves de Oliveira: Investiga a violência, dentro ou fora da escola, pode ser
feita por intermédio da vinculação contraditória que o homem mantém com o
corpo: relação de amor-ódio. A título de ilustração são relatadas algumas
situações vivenciadas no contexto escolar onde se manifesta a violência:
durante o recreio e no período de entrada e saída de turnos.
O
uso dos castigos corporais empregados para disciplinar e conter os corpos das
crianças que deveriam se submeter a uma educação escolarizada, em busca de uma
civilização dos costumes pretendida em fins do século XIX, o tema sobre o qual
Talita Bance Dalcin discute em seu texto 'Palmatoando'. “Os usos dos castigos
físicos em nome da disciplinarização e da ordem nas escolas paranaenses da
segunda metade do século XIX”. Analisando documentos do Arquivo Público do
Paraná, Dalcin aponta que os castigos corporais eram justificados sob dois
argumentos centrais: o esgotamento do castigo moral, previsto em lei, como
forma de disciplinar os alunos, e maior eficácia dos castigos corporais,
especialmente da palmatória, para o disciplinamento que conduziria à
'civilidade'.
O
processo de escolarização do esporte por meio da contribuição da Associação
Brasileira de Educação (ABE) é tratado por Meily Assbú Linhales em "A
produção de uma forma escolar para o esporte: os projetos culturais da
Associação Brasileira de Educação (1926-1935) como indícios para a historiografia
da educação física". Em sua exposição, Linhales analisa projetos da ABE,
utilizando-se da categoria forma escolar para propor a identificação das
estratégias de produção do que ela denomina de forma escolar para o esporte, e
da categoria saberes escolares para pensar o esporte como uma 'disciplina' que
participa da formação da escola, da prescrição pedagógica e da
organização sociocultural atinente à experiência escolar moderna.
A
forma como os intelectuais de diferentes formações abordaram a discussão da
saúde, da higiene, da educação e da sociedade, assim como as influências destas
questões na revista Educação Physica, nas décadas de 1930 e 1940, foram
analisadas por Omar Shneider e Amarílio Ferreira Neto em "Saúde e
escolarização: representações, intelectuais, educação e educação física".
Evidencia-se a transposição de uma perspectiva que defendia um branqueamento da
sociedade, para um discurso que aponta a educação do corpo de caráter
higienista para a melhoria da população. A educação física, ressaltada na
revista, tinha por função melhorar as condições biotipológicas promovendo uma
homogeneidade da população, tendo como modelo a educação grega (física, moral e
intelectual) e o culto ao padrão grego de estética corporal espelhado em sua estatutária.
Aponta-se um processo onde está presente tanto continuidade quanto
descontinuidade nos discursos e propostas de promoção da saúde por meio da
escola
Os
programas de educação física para o ensino secundário e sua implementação no
contexto escolar são analisados por Sérgio Roberto Chaves Júnior em "Os
programas de educação física no ensino secundário: algumas considerações sobre
o Ginásio Paranaense (1931-1947)". As análises desenvolvidas indicam que
tanto o programa contido na reforma Francisco Campos quanto às diretrizes para
a educação física nos estabelecimentos de ensino secundário de 1947 foram
claramente baseados no método francês. Sua principal contribuição é a de
demonstrar em que medida estes programas se efetivaram, ou não, no contexto do Ginásio
Paranaense.
O
trabalho de Vera Lúcia Gomes Jardim, intitulado "Educação musical: a
concepção escolar para o ensino da música" trata dos processos de ensino
da música implantados através das políticas educacionais nas escolas públicas
de São Paulo em consonância com a filosofia educacional historicamente colocada
no final do século XIX até os anos de 1920. Ao longo do texto, a autora
procurou destacar as funções que estavam colocadas para a educação musical na
formação escolar daquele período. Demonstra, por meio de sua análise, que os
métodos utilizados na educação musical estavam sintonizados com os novos
postulados da pedagogia e da psicologia, em especial com o método intuitivo
desenvolvido por Pestalozzi, que se apoiava na intuição, na observação, nos
sentidos e na experiência.
"O
ensino de canto orfeônico e sua perspectiva higienista na primeira metade do
século XX", de Wilson Lemos Junior, é um texto onde o autor procura
destacar a perspectiva utilitarista com a qual pretendia-se ensinar a música
orfeônica na escola, enfocando as práticas da escola secundária curitibana na
primeira metade do século XX. Neste contexto, o aspecto higienista era muito
enfatizado enquanto elemento de desenvolvimento físico das partes respiratória
e circulatória do corpo, bem como recreador, socializador e moldador de um
determinado perfil cultural para o país, principalmente, com o advento do
Estado Novo.
O
texto que encerra o livro, de autoria de Cássia Helena Ferreira Alvin e Marcus
Aurélio Taborda de Oliveira, intitulado "Uma experiência de construção do
currículo escolar para a educação física: das amarras da tradição à tentativa
de reorientação", expõe, a partir das experiências de Araucária, no
Paraná, uma proposta de reformulação para o ensino da educação física. Propõe
como seu objeto de ensino a corporalidade concebida como a expressão criativa e
consciente do conjunto de manifestações corporais historicamente produzidas,
buscando a comunicação e interação de diferentes indivíduos com eles mesmos,
com outros, com o seu meio social e natural. Assim, foram elaborados quatro
eixos norteadores para a prática pedagógica deste componente curricular na
escola: desenvolvimento corporal e construção da saúde; expressividade do
corpo; relação do corpo com o mundo globalizado; o corpo que brinca e aprende.
O ponto de partida do trabalho pedagógico na concepção pautada na corporalidade
é entender o corpo como construção histórico-cultural, partindo do senso comum
para o conhecimento científico-cultural elaborado, produzido pela humanidade,
organizado e sistematizado.
Contudo
o texto nos mostra que é necessário ir além da particularidade de cada
disciplina: é preciso estar atento ao papel desempenhado por cada uma delas num
âmbito mais amplo, cada disciplina pode assumir uma função especifica. E com
isso podemos perceber que a importância em pesquisar historicamente as
disciplinas escolares e seus componentes didáticos é fundamental. Compreendemos
também que os trabalhos apresentados neste livro trazem importantes contribuições
para o entendimento das relações entre os processos de escolarização e os
processos de educação do corpo na sociedade brasileira, constituindo-se em
fonte de inspiração para o desenvolvimento de novas pesquisas e reflexões,
especialmente nas áreas da educação e educação física.
A Interdisciplinaridade poderia, na sua opinião, melhorar ou prejudicar o ensino de Educação Física nas Escolas?
ResponderExcluirSim na minha opinião poderia melhorar, pois pode trazer muitos pontos que podem ser positivos.
ExcluirGostei da apresentação!!Ponto importante a se destacar é que a violência ainda pode existir sobre as crianças,não da mesma forma como era antes,mas como,por exemplo,no pagamento de prendas.
ResponderExcluirUm ponto a se visualizar é que nem todas as escolas vão adotar o mesmo método de ensino, varia muito de escola para escola
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