Esta resenha se trata sobre
o livro “Corpo, Sentido Ético-Estético e cultura popular” da autora Larissa
Michelle Lara. A autora é professora na Universidade Estadual de Maringá, atua
nos cursos de graduação e pós-graduação em Educação Física. Contém mestrado
(1999) e doutorado (2004) pela Universidade Federal de Campinas, pós-graduação
pela Universidade de Bath (Reino Unido, 2017). A autora também assumiu a
diretoria cientifica do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte em 2017.
O livro tem o intuito de levar
o leitor a ter uma reflexão sobre a cultura esquecida do corpo e sua
sensibilidade, tenta também recuperar o corpo como um objeto de construção
social e portador de sentido ético-estético, junto com a ação de pensar, agir e
decidir do ser humano.
Para facilitar a
apresentação, o livro foi dividido em três partes a quais irei explicar. A
primeira parte consiste num conceito mais histórico, fundamentada pelo conceito
ético-estético. A segunda parte usa de recursos para avaliar o corpo como uma
construção social. Por fim a terceira parte é uma pesquisa de campo em uma
comunidade em Recife, para confirmar as duas partes anteriores.
Primeira parte: O que é ética?
De acordo com o texto, algumas referencias tratam ética como algo moral. ChauÍ
(1995) diz que ética e moral são um conjunto de obrigações para a conduta de um
membro. Vazquez (1975) diz que é ética é a ciência da moral, se trata do
comportamento humano. Moral é um conjunto de normas, regras, princípios e
valores que se transformam em diferentes sociedades de forma livre e
consciente.
Segundo a autora, a ética é
uma filosofia moral, é algo que lida o comportamento dos homens por meio de
relações sociais, regras, princípios e valores ligados a realidade
histórico-cultural. A moral pode ser vista como conjunto de regras e normas que
regulam as ações de indivíduos em uma comunidade social.
O que é estético? está
relacionado ao belo, não é ligado a um determinado objeto, mas sim na relação
entre o objeto e o homem, é justificado a partir do gosto. A experiencia
estética aflora os sentidos e também desperta o senso crítico, estranhamento,
mudanças de lugares etc.
Ética e estética não são
apenas ramos da filosofia, mas também é a concretização do próprio existir
humano. O sentido ético-estético se materializa no sagrado e no profano, na
racionalidade ocidental e mítica.
O sentido ético-estético supera
limites culturais e estilísticos, está presente no homem e consequentemente em
todas suas ações, está em diferentes situações que fazem levar a um homem de
convivências.
Segunda parte: Entendimento
do homem como ser cultural, o corpo é a edificação dos desejos, da
racionalidade, das necessidades humanas.
Mauss (1974) reconhece que
os movimentos corporais são técnicas criadas pela cultura e que são
transmitidas de geração em geração e são cheias de significados
característicos. A partir disso é possível pensar no sentido ético-estético
presente em cada ação cotidiana, em cada gesto da vida em sociedade.
O corpo é muito mais que uma
massa, nele estão inseridos formas artísticas ou indicadores sociais de status,
praticas associadas a partir de razão particular, ritual ou estética.
A cultura é um espaço da
construção humana onde estão contidas a estética, os valores, a moralidade, as ações
e regras. Nela um povo ou uma comunidade constrói sua simbologia, seus
conhecimentos e sua representatividade.
Cultura: O termo cultura
popular é mais utilizado na literatura acadêmico-cientifica e apresenta
pensamentos livres dos vícios conceituais e folclóricos que carrega a palavra
folclore.
O livro também traz
claramente a mudança na expressão “cultura popular” devido aos interesses das
classes dominantes. Antes era vista como primitivismo, comunitarismo e purismo
e depois como forma de controle estatal.
Ao realizar a leitura deu a
entender uma pequena diferenciação entre cultura popular e folclore. Folclore
estaria presente em todas as classes sociais, enquanto cultura popular estaria
presente apenas na classe menos favorecida.
O corpo é também capaz de
produzir cultura, seja por meio de jogos, esportes, danças, lutas entre outras
práticas. Nesse sentido, explicando especialmente sobre as danças, elas são
capazes de caracterizar costumes e tradições através de gerações. Os
significados das manifestações dançantes são revelados no corpo, nas
vestimentas e no instrumental.
Terceira parte: A autora com
o intuito de investigar o corpo como construção cultural, iniciou um estudo de
campo sobre o Maracatu-nação Cambinda Estrela. Para isso foi até Recife para
começar as investigações.
De inicio a investigadora
apenas observou os dançantes, após algum tempo foi convidada a ficar mais
próxima, podendo se instalar na casa do mestre de batuque. Porém começaram a
aparecer alguns conflitos, ela estava presa dentro da casa e não poderia sair
por causa do alto índice de violência que continha na comunidade, além disso
foi colocado para ela um segurança para fazer sua escolta, ela se viu
prejudicada, como poderia se aproximar dos populares com tantos obstáculos ao
seu redor ?
A solução foi revezar a
ajuda do acompanhante, as vezes necessitava e outras não, assim começou de fato
a investigação. A pesquisa foi feita através de observação e entrevistas
intensivas voltadas para a comunidade do maracatu.
É relatado no texto as
dificuldades que foram encontradas na inserção em uma comunidade de cultura
popular, conteve situações que exigiram cautela, medo de negação por parte da
população e muitas vezes correu riscos por causa do alto índice de violência do
local.
O Maracatu-nação Combinda
Estrela, foi classificado como carnavalesco a fim de festejar os dias de
carnaval. Seu objetivo é promover a interação social dos membros da comunidade,
pugnar a defesa da tradição, lutar por uma comunidade sem preconceito e
contribuir para a defesa de outras expressões culturais pernambucanas.
Concluindo, investigar
a cultura popular é ficar atento nos fatos de que os indivíduos buscam
permanecer em uma comunidade moral, pautada em princípios gerados na
coletividade. Observando os populares da pesquisa pode se observar que o
sentido ético-estético do corpo são definidos pelas regras e comportamentos da
comunidade, eles também definem as técnicas corporais, moralidade, e ações dos
indivíduos.
REFERÊNCIAS
<www.eduem.uem.br/novapagina/?q=system/files/Liv-Larissa-Corpo.pdf> Acesso em 5 de Outubro de 2018.
LINK DO VÍDEO
gostei muito da sua resenha.
ResponderExcluirUma parte que me chamou atenção foi onde fala ´´tenta recuperar o corpo como um objeto de construção social e portador de sentido ético-estético, junto com a ação de pensar, agir e decidir do ser humano.''.
obra maravilhosa.
Muito bom, esse livro nos leva a refletir sobre a cultura do corpo.
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